Capitalismo e Liberdade

Capitalism and Freedom

Milton Friedman

TIMOTHY SNYDER

The Road to Unfreedom

Timothy Snider

A História política das duas décadas mais recentes, vista pelo historiador Timothy Snyder, dá conta da forma como, passo a passo, o regime de Vladimir Putin trabalhou para a divisão e enfraquecimento da Europa e do Ocidente em geral para poder satisfazer os interesses de um regime totalitário, corrupto e feito a medida de uma oligarquia. ‘The Road to Unfreedom‘, publicado em 2018, dá conta de como Donald Trump foi cultivado e financiado pelo regime russo.

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UMBERTO ECO

O Fascismo Eterno

Umberto Eco

Em abril de 1995, Umberto Eco foi conferencista convidado pela Universidade de Columbia para uma sessão comemorativa da vitória da Europa sobre o regime fascista responsável pela II Guerra Mundial. O texto dessa conferência foi publicado na revista “The New York Review of Books” no dia 22 de junho de 1995″ e ficou para a história como uma espécie de “sensor” para detetar o fascismo. A expressão ‘UR-Fascismo’, ou ‘fascismo eterno’ representa o perigo de ressurgimento de manifestações fascistas nos regimes políticos. Umberto Eco listou 14 caraterísticas típicas que, em conjunto ou separadamente, devem fazer soar o alarme. O texto, que é curto, é imperdível. Por isso, também tem lugar na Avenida dos Livros, para que nenhum leitor interessado perca a oportunidade de o ler, na língua inglesa ou na tradução espanhola. O professor italiano terminou a sua conferência com o aviso: “não podemos esquecer”. Hoje, os sinais do fascismo são demasiado evidentes…

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TRINDADE COELHO

Manual Político do Cidadão Portuguez

Trindade Coelho

Em 1906, José Francisco Trindade Coelho publicou um “manual político” extenso e completo. Inspirou-se na ‘Instruction Civique” de Numa Droz (Suiça). Infelizmente, o nível de alfabetização, de literacia e de participação política era tão baixo que o manual apenas aproveito a um pequeno número de portugueses. Ainda assim, a edição esgotou ao fim de um ano. Trindade Coelho foi sensível ao tema da alfabetização e da literacia. Escreveu vários ‘Livros de Leitura‘, a ‘Cartilha do Povo‘ (1901) e ‘O ABC do Povo’ (1902). Este “manual político” é um testemunho do sistema político português nos últimos anos da monarquia. Demasiado fiel à tradução de Droz, Trindade Coelho deixou no seu “manual” esta afirmação: “a forma de governo que nos parece melhor, para um povo instruído e patriota, é a república democrática e federativa. Nesse regime, o povo é o verdadeiro soberano tanto de facto como de direito” (páginas 35-36). Trindade Coelho era monárquico. Como podia ele considerar que a melhor forma de governo seria republicana, democrática e federativa? Aparentemente, Trindade Coelho devia pensar que estas três coisas só são adequadas para “um povo instruído e patriota” e que o povo português estava longe de o ser…
Outra particularidade datada deste “manual” são as dezenas de páginas ocupadas com críticas às instituições religiosas, especialmente a Companhia de Jesus. Trindade Coelho culpa estas instituições de serem causa “do nosso atraso e da nossa falta de instrução e de educação“(página 305). A defesa da laicização da educação esteve, nesta época, afetada pelo anticlericalismo e, por conseguinte, longe da ideia de liberdade religiosa. Como a Igreja era conotada com “a reação“, Trindade Coelho fez questão de separar bem as águas entre a “democracia social” e a “democracia cristã”, e de manifestar a sua esperança na extinção da propriedade sobre os instrumentos de produção na abolição das classes sociais. Embora as 700 páginas cheguem e sobrem para sustentar o título de “manual”, Trindade Coelho não resistiu a usá-lo como panfleto. Isso torna a leitura ainda mais interessante.

GÉNERO E CIDADANIA

Género e Cidadania

Guião de educação – 3º ciclo do ensino básico

Teresa Pinto (coordenação), Conceição Nogueira, Cristina Vieira, Isabel Silva,
Luísa Saavedra, Maria João Silva, Paula Silva, Teresa-Cláudia Tavares e
Vasco Prazeres.

Pela sua enorme importância, o tema da igualdade de género ocupou um “espaço” dominante no ensino da disciplina de cidadania. Pelo caminho, cometeram-se exageros. Outros temas de cidadania, não menos importantes para a formação de crianças e jovens, foram descurados. Por outro lado, a tentativa de imposição de posições extremas sobre género, levou a posições não menos extremas contra a disciplina de cidadania. Persistem as dúvidas sobre o que se ensina, o que se quer ensinar e o que se devia ensinar nas escolas portuguesas. A Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (nome que também reflete a sobrevalorização relativa da igualdade de género face a outros temas de cidadania) preparou um Guião para o 3.º ciclo do Ensino Básico. Convém começar por ler este documento, que foi “validado” pelo Ministério da Educação.

SERHII PLOKHII

The Gates of Europe

Serhii Plokhii

Quando, em 2015, Serhii Plokhii deu à sua História da Ucrânia o título ‘The Gates of Europe’, já tinha começado a primeira invasão da Ucrânia pela Rússia de Putin. A Rússia tinha anexado a Crimeia e começou a fomentar uma guerra suja separatista nas regiões de Donetsk e Lugansk. Em 2022, o título escolhido revelo-se premonitório: com a segunda invasão, começou uma guerra duríssima em que se joga o futuro da Europa. A maior parete dos europeus teve consciência do pouco que sabe da história da Ucrânia como nação. A melhor forma de ganhar imunidade à propaganda é começar por conhecer a história da Ucrânia. Serhii Plokhii é o autor ideal: há anos que ensina História da Ucrânia na Universidade de Harvard.

NORBERTO BOBBIO

As ideias do senador vitalício

Norberto Bobbio

Norberto Bobbio (1909-2004), senador vitalício italiano, deixou várias obras de reflexão política. Formou-se entre o ambiente fascista do regime e da família e as convições democráticas. Criticou o fascismo, o nazismo, o marxismo, o bolchevismo e, nos anos mais recentes, o populismo de Berlusconi. Os livros aqui referenciados pela Avenida dos Livros são uma pequeníssima parte do seu legado.

Estado, Governo e Sociedade

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Liberalismo e Democracia

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A Era dos Direitos

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NIKOLAI BERDYAEV

Escravatura e Liberdade

Nikolai Berdyaev

Demasiado livre para ser tolerado, Nikolai Alexandrovich Berdyaev, de origem ucraniana (Lyiv, 1874) foi expulso da universidade por ser marxista (1894), abandonou o marxismo vinte anos antes da “revolução de outubro”, admitido e expulso da universidade de Moscovo em 1920, preso e finalmente deportado por ordem de Lenine (1922). A distância em relação ao capitalismo e ao marxismo levou-o a defender um cristianismo universalista e personalista. O seu legado pertence à enorme parcela da cultura russa que o regime soviético tentou esconder.

Slavery and Freedom

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The Russian Idea

ÉTICA E INTEGRIDADE

The Servant of the People: On the power of integrity
in politics and government

Muel Kaptein

Muel Kaptein, professor da Universidade Erasmo de Roterdão e partner da KPMG, é autor de vários livros sobre ética profissional, tais como Ethics Management (1998), The Balanced Company (2002), The Six Principles for Managing with Integrity (2005), The Living Code (2008), e Workplace Morality (2013). The Servant of the People: On the power of integrity
in politics and government
, publicado em 2014, é dedicado especialmente à ética no exercício de cargos políticos ou quaisquer outros cargos públicos. A integridade tem pelo menos 95 facetas, tantas quantas os capítulos deste livro. Não há políca boa sem integridade.

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VACLAV HAVEL

The Power of the Powerless

Vaclav Havel

Os regimes comunistas criam inevitavelmente dissidentes. Os dissidentes conseguem compensar a sua falta de poder e essa é a causa da queda dos referidos regimes. Assim pensava Vaclav Havel em 1978, quando era apenas um dramaturgo dissidente e nem imaginava que, em 1993 seria o primeiro presidente da República Checa, depois da separação da Eslováquia. No final dos anos 70, sobravam as interrogações…

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MIKAIL GORBACHOV

Com uma longa carreira na elite do poder soviético, Mikail Gorbachov sabia da inviabilidade e da injustiça do sistema. Teve a vontade e a coragem de o tentar mudar: as palavras perestroika (reestruturação) e glasnost (abertura) representaram essa tentativa. O sistema soviético ruiu, o muro de Berlim caiu, e com ele a “esfera de influência” de uma URSS que usou o ‘Pacto de Varsóvia’ para invadir os seus “aliados”. Pode dizer-se que o legado de Gorbachov foi mais esperança que resultados. Mesmo assim, os resultados não foram coisa pouca. Putin, o funcionário de terceira ordem do KGB ascendeu a ditador, não lhe perdoou ter deixado cair a União Soviética e negou-lhe o funeral de Estado. Décadas depois, convém revisitar Gorbachov. Para além das centenas de documentos diplomáticos entretanto desclassificados sobre a negociação da reunificação da Alemanha, podemos ler os livros que Gorbachov deixou.

“A perspectiva futura de uma política global verdadeiramente pacífica reside na criação através de esforços conjuntos de um único espaço democrático internacional no qual os Estados devem ser guiados pela prioridade dos direitos humanos e do bem-estar dos seus cidadãos e pela promoção dos mesmos direitos e de um bem-estar semelhante nos restantes lugares. Isto é um imperativo da crescente integridade do mundo moderno e da interdependência dos seus componentes”.

Discurso na Cerimónia de atribuição do Prémio Nobel da Paz, de 1991 (incluído no livro “The Road We Traveled, The Chalenges We Face”)

GUNS IN THE USA

Guns in the USA

Michael Erbschloe

Em 2014, os EUA registaram 11008 homicídios cometidos com armas de fogo. Em dezembro de 2017, a indústria americana das armas de fogo contava com 11800 empresas. Existirá relação entre uma coisa e outra? Michael Erbschloe reuniu neste livro uma série de informações, incluindo estatísticas, estudos e tomadas de posição.

AS FARPAS

As Farpas

Ramalho Ortigão

“O modo mais eficaz de seres útil à tua pátria é educares teu filho. Consagra-te a ele. A educação pública é uma burla atrozmente vergonhosa. Não lhe entregues a criança que o destino te confiou. Educa-o tu. Se não souberes mais, procura pelo menos torná-lo forte, ensina-lhe a ler e a escrever, dá-lhe um ofício e fá-lo um homem de bem; ele de si mesmo se fará um sábio, se tiver de o ser.”

YEVGENY ZAMATIN

Yevgeny Zamyatin

WE – a distopia que irritou o regime soviético

Não quero que ninguém queira por mim – quero ser eu a querer por mim própria“. Esta afirmação de ‘I-330’, a mulher rebelde da novela ‘We‘, explica o facto de o livro, escrito em 1921, apesar de ter circulado clandestinamente, não ter sido autorizado para publicação na Rússia de Stalin, em que a vontade individual tinha de ceder à vontade do partido. ‘We‘ descreve a vida num estado totalitário e merece um lugar de destaque na wall of fame das distopias. Yevgeny Zamyatin foi exilado duas vezes, a primeira em 1905 por ser bolchevique, a segunda em 1931, para escapar à perseguição do regime de Stalin. A saída do país foi autorizada por intercessão de Maximo Gorki. Escapou à prisão mas não escapou ao sofrimento e penúria em Paris, onde veio a falecer em 1937. Os seus vários ensaios sobre o papel da literatura foram reunidos e publicados em 1970 pela editora da Universidade de Chicago no livro ‘A Soviet Heretic‘. Num deles, escreveu: “A verdadeira literatura só existe se for criada, não por funcionários fiéis, mas por loucos, eremitas, heréticos, sonhadores, rebeldes e céticos“. A leitura dos dois livros ultrapassa o interesse histórico – ainda são atuais porque, como disse Bulgakov, “os manuscritos não ardem“.

A Soviet Heretic: Essays by Yevgeny Zamyatyin

KGB: A HISTÓRIA DOS ARQUIVOS MITROHKIN

A História dos ‘Arquivos Mitrokhin’

  • O maior resgate de informação secreta da era da ‘guerra fria’;
  • O maior golpe sofrido pelo KGB;
  • Milhares de agentes e e informadores expostos;
  • Informadores do KGB em Portugal.

Em 1972, o KGB concluiu a construção de um novo edifício em Yasenevo (sul de Moscovo) para os seus arquivos. Vasili Mitrokhin foi encarregue da missão de classificar e transferir os documentos para o novo edifício. A operação demorou 12 anos. Desiludido com o regime soviético Mitrokhin começou a preparar a sua reforma. Ao longo desses doze anos, transcreveu à mão documentos secretos e fê-los sair do edifício escondidos nos sapatos. Em casa, acumulou-os em latas de leite colocadas sob o soalho ou enterradas no quinta da casa de campo. No dia 24 de março de 1992 (um ano depois da dissolução da união soviética), viajou para Riga com alguns desses papéis. Na embaixada dos EUA, não foi considerado credível. Na embaixada do Reino Unido, foi recebido por um jovem diplomata decidiu que comunicou o assunto ao MI6 (a designação usual do Secret Intelligence Service, SIS) e pediu a Mitrokhin para voltar dias depois. Mitrokhin compareceu num local discreto, entregou 10 envelopes com mais de 2000 páginas. Ficou de voltar em junho com mais documentos. Douglas Hurd, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros do governo de Margaret Tatcher, aprovou a resgate dos documentos escondidos em casa de Mitrokhin e a concessão de asino para o agente russo e a sua família. Operacionais do MI6 visitaram a ‘dacha’ (casa de campo) de Mitrokhin e precisaram de cinco bagageiras de automóvel para trazer os manuscritos de Mitrokhin, que cobriam mais de 70 anos de atividade. Foi um dos maiores resgates de informação secreta de sempre. Em outubro, Mitrokhin obteve asilo e ficou a viver no Reino Unido com identidade falsa, colaborando com o MI6 na tradução dos manuscritos.
O impacto dos manuscritos Mitrokhin foi enorme, incluindo listas de agentes, infiltrados e colaboradores do KGB na Europa e os EUA e detalhe sobre as informações que forneceram. Foi o maior “rombo” de sempre na espionagem do KGB. Ficou-se a saber, por exemplo, como o KGB tinha preparado uma campanha de desinformação para prejudicar a eleição de Ronald Reagan. Anos depois, Mitrokhin foi autorizado a publicar a sua história em livro e a revelar inúmeras operações de espionagem do KGB. Entre elas, o modo como Svyatoslav Kuznetsov, agente do KGB junto da embaixada da URSS em Lisboa se encontrou com Álvaro Cunhal para combinar o recrutamento de seis informadores. Objetivo: facultar ao KGB o máximo de informação possível sobre os serviços de informações portugueses e sobre a NATO. As notas de MitrokhIn indicam dois advogados ao serviço do governo, um advogado ligado aos sindicatos sindical, um conservador do registo civil e dois jornalistas.
A história de Vasili Mitrokhin, incluindo este e muitos outros episódios, está neste livro THE SWORD AND THE SHIELD – THE MITROKHIN ARCHIVE AND THE SECRET HISTORY OF THE KGB.

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