A RESISTÊNCIA ÍNTIMA

A Resistência Íntima

Josep Maria Esquirol

‘A proximidade não se mede em metros nem em centímetros. O seu oposto não é a distância, mas a ubíqua monocromia do mundi tecnificado” – diz Josep Maria Esquirol no livro ‘A Resistência Íntima – Ensaio de uma Filosofia da Proximidade’. A resistência a que se refere este filósofo espanhol é diferente das várias “resistências” de que o homem tem memória. Trata-se agora de resistir ao vazio, num contexto em que a sociedade atua como se as coisas importantes deixassem de importar. Resistir não é afastar o outro. Bem pelo contrário, é sentir, cuidar, tornar íntimo. Resistência e proximidade são a única forma de as pessoas deixarem de ser vulneráveis à sociedade tecnificada que divide e anula.
A edição espanhola original (2015) e a edição portuguesa (com prefácio de José Tolentino Mendonça), lançada pelas Edições 70 em 2020, foram separadas pela pandemia, contexto que evidenciou duas coisas essenciais sobre a proximidade: a sua relevância e a sua viabilidade para além da distância.

ALBERT CAMUS

O Homem Revoltado

Albert Camus

O livro ‘L’Homme Révolté‘, publicado em 1951, foi mal recebido. No ambiente ideológico polarizado da época, os intelectuais de direita rejeitavam Camus por ser de esquerda. Os intelectuais de esquerda, como Jean Paul Sartre, não lhe perdoaram as críticas à violência e à opressão do regime soviético. ‘L’Homme Révolté‘ estabelece a relação indissociável do humanismo do século XX com as exigências de democracia e liberdade. Os “homens de esquerda”, incapazes de pensar “fora da caixa”, achavam que a democracia e a liberdade podiam esperar. Ainda hoje, há uma certa esquerda que pensa que o poder da esquerda é mais importante que o respeito pelos direitos fundamentais…
Camus evoca a história das revoltas e tenta o “deve e haver” dos resultados. Em vez da morte e da violência, a revolta deve associar-se ao pensamento e não pode esquecer a primazia da vida.

Camus lê um excerto de ‘O Homem Revoltado’

Para além do livro, Camus insurgiu-se contra a invasão da Hungria e aplaudiu a atribuição do Nobel da Literatura a Boris Pasternak. Atitudes imperdoáveis para o regime de Stalin que podem ter estado na origem do acidente em que Camus perdeu a vida.

A Origem da Desigualdade

Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens

Jean-Jacques Rousseau

Escrito em 1756, o Discours sur l’origine et les fondements de l’inégalité parmi les Hommes é uma reflexão filosófica que pode parecer naif. Jean-Jacques Rousseau arriscou conclusões sobre o tema e o que lhe faltou de investigação histórica e antropológica foi colmatado com a capacidade de reflexão. Não se saiu mal: ao concluir que a origem da desigualdade é a propriedade, Rousseau estabeleceu uma das bases ao pensamento de esquerda, seja ela revolucionária ou reformista, e também a uma parte (provavelmente a melhor) do pensamento de direita.