MIKAIL GORBACHOV

Com uma longa carreira na elite do poder soviético, Mikail Gorbachov sabia da inviabilidade e da injustiça do sistema. Teve a vontade e a coragem de o tentar mudar: as palavras perestroika (reestruturação) e glasnost (abertura) representaram essa tentativa. O sistema soviético ruiu, o muro de Berlim caiu, e com ele a “esfera de influência” de uma URSS que usou o ‘Pacto de Varsóvia’ para invadir os seus “aliados”. Pode dizer-se que o legado de Gorbachov foi mais esperança que resultados. Mesmo assim, os resultados não foram coisa pouca. Putin, o funcionário de terceira ordem do KGB ascendeu a ditador, não lhe perdoou ter deixado cair a União Soviética e negou-lhe o funeral de Estado. Décadas depois, convém revisitar Gorbachov. Para além das centenas de documentos diplomáticos entretanto desclassificados sobre a negociação da reunificação da Alemanha, podemos ler os livros que Gorbachov deixou.

“A perspectiva futura de uma política global verdadeiramente pacífica reside na criação através de esforços conjuntos de um único espaço democrático internacional no qual os Estados devem ser guiados pela prioridade dos direitos humanos e do bem-estar dos seus cidadãos e pela promoção dos mesmos direitos e de um bem-estar semelhante nos restantes lugares. Isto é um imperativo da crescente integridade do mundo moderno e da interdependência dos seus componentes”.

Discurso na Cerimónia de atribuição do Prémio Nobel da Paz, de 1991 (incluído no livro “The Road We Traveled, The Chalenges We Face”)

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